quinta-feira, 18 de maio de 2017

Drama juvenil 'Antes que Eu Vá' aborda bullying de forma eficiente

G1

Com embalagem juvenil, filme mostra que, em casos de bullying, ninguém pode se eximir - se não é causador ou vítima, então é um cúmplice conivente,
Por Reuters

Muitas coisas são descobertas sobre a protagonista de “Antes que Eu Vá”, Samantha (Zoey Deutch, de “Tinha que ser ele?”). Uma delas é que ela não é cinéfila – se fosse, teria logo entendido que estava presa numa combinação de “Feitiço do Tempo” com “Meninas Malvadas”. E, sem saber da peculiar mistura, a garota precisa reviver diversas vezes um dia crucial em sua vida, até que descubra o que é preciso fazer para finalmente se livrar dessa maldição.

Baseado no romance homônimo de Lauren Oliver, o filme apresenta Sam como uma garota mimada e um tanto arrogante, cercada de seu trio de amigas com um perfil não muito diferente do dela: Lindsay (Halston Sage), Ally (Cynthy Wu) e Elody (Medalion Rahimi). Na escola, são as garotas malvadas: lindas, populares e que fazem bullying com quem não se encaixa nos padrões ou não as venera – especialmente contra a solitária Juliet (Elena Kampouris).

É 12 de fevereiro, que na escola delas é chamado de Dia do Cupido, quando os jovens mandam rosas uns para os outros. Sam recebe várias – inclusive do namorado (Kian Lawley), e de um admirador secreto, Kent (Logan Miller), que ela vive esnobando. O roteiro, assinado por Maria Maggenti (que atualmente trabalha no remake de “Dirty Dancing”) acompanha esse dia em detalhes, pois servirá de base para suas releituras.

Nessa noite também, Sam planeja perder a virgindade com seu namorado, depois de uma festa na casa de Kent, mas nada sai como o planejado. O garoto se embriaga e acaba coberto de vômito na pia; Juliet aparece na festa e todos jogam bebida nela; e, por fim, Sam e as amigas saem em disparada, sofrem um acidente na estrada e supostamente morrem.

Na cena seguinte, Sam acorda novamente em sua cama, é novamente a manhã de 12 de fevereiro e ela começa a se lembrar dos acontecimentos do “dia anterior”. A partir daí, o filme é a tentativa da garota evitar sua morte. E ela tenta de tudo a cada nova chance – ser legal com a irmã caçula (Erica Tremblay) e os pais (Nicholas Lea e Jennifer Beals), proteger Juliet, evitar o acidente fatal. Mas, ao fim do dia, sempre acontece alguma tragédia.

A diretora Ry Russo-Young não se furta de temas espinhosos em filmes sobre e para jovens. Em primeiro lugar, ela abraça sem medo a cultura da juventude contemporânea – especialmente feminina – com suas gírias, músicas e comportamento. Fora isso, aborda de forma sincera a sexualidade de sua protagonista – especialmente quando sua amiga a presenteia com um preservativo - embora tudo seja apresentado de forma um tanto higienizada.

É preciso, claro, que Sam aprenda alguma lição de moral em meio a toda essa repetição. O que é positivo em “Antes que Eu Vá” é que esse aprendizado não está ligado à conquista do amor de um garoto e sim à amizade e proteção de suas amigas e outras garotas, além de estreitar os laços frouxos com sua família.

A embalagem é de um drama juvenil, mas, no fundo, há uma questão bem mais séria em discussão aqui, que tem a ver com bullying e o fato de que ninguém é inocente diante dessa prática – se não é causador ou vítima, então é um cúmplice conivente, caso não faça nada para impedi-lo.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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