quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

13 ANOS PARA SEMPRE MARION: UMA HISTÓRIA DE BULLYING

REVISTA ESTANTE FNAC

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Nora Fraisse transformou em livro a história da sua filha, que se suicidou aos 13 anos por ser vítima de bullying e ciberviolência. Mais do que um relato, este é o alerta de uma mãe para o resto do mundo


13 de fevereiro de 2013. Marion tinha 13 anos. Fechou a porta do quarto e enforcou-se com um lenço. Na extremidade da cama, deixou também “enforcado”, por um arame, o seu telemóvel. Foi um ato simbólico. Uma forma de se livrar das palavras de tortura, insultos e ameaças que durante tanto tempo lhe foram dirigidas na escola e nas redes sociais.
A mãe, Nora, encontrou-a já sem vida. Depois de um longo período de luto, decidiu transformar o seu sofrimento em algo positivo. Palpável. Surgiu assim 13 Anos para Sempre Marion, um livro de tributo à sua filha que é, simultaneamente, um alerta para os perigos (cada vez mais comuns) do bullying.
“Escrevo este livro para te prestar homenagem, para te falar da nostalgia que sinto perante um futuro que não vais partilhar comigo, connosco. Escrevo este livro para que cada pessoa retire lições da tua morte. Para que os pais evitem que os seus filhos se tornem vítimas, como tu, ou agressores, como aqueles que te levaram ao desespero. Para que as direções das escolas se esforcem por vigiar, por escutar, por estender a mão às crianças em sofrimento. Escrevo este livro para que levem a sério o problema do assédio na escola, o bullying. Escrevo este livro para que nunca mais uma criança tenha vontade de enforcar o seu telemóvel, nem de suspender a sua vida para sempre”, escreve a autora, Nora Fraisse, na dedicatória do livro.
Com mais de 141 mil exemplares vendidos em França, o país de origem da autora, a obra inspirou também um telefilme, produzido pelo canal France 3, que foi visto por mais de 5 milhões de pessoa


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5 PERGUNTAS A NORA FRAISSE


Porque decidiu tornar a sua história, e a da sua filha, num livro?
Depois de uma entrevista na rádio, fui contactada por muitos grupos editoriais. As coisas aconteceram naturalmente com a minha editora, Clarisse Cohen, que me escreveu uma bela carta nesse sentido.
O que foi mais difícil durante o processo de escrita?
O mais complicado foi recair uma e outra vez, vasculhar essas memórias terríveis para ser o mais justa e honesta possível para com a Marion e os leitores. Também tivemos de encontrar o tom certo, para que cada um pudesse identificar-se com esta história pessoal e dolorosa. E para que esta ajudasse famílias, vítimas e cidadãos a assumirem o controlo deste flagelo e a lutarem para que esta tendência seja tida em consideração pelas instituições. Também foi difícil quebrar o tabu e a negação em torno da violência escolar e da ciberviolência.
O que acha que cada um de nós deve fazer, individualmente e enquanto comunidade, para prevenirmos situações como as que estão relatadas no livro?
Eu costumo dizer: “Isso não pode acontecer com outros. Os outros somos nós.” Em outras palavras, todos nos preocupamos com a violência que pode levar à morte de crianças e jovens. Todos precisamos de ser mobilizados, porque as consequências são sentidas em todas as esferas da nossa sociedade. Há impacto sobre a saúde mental, surgem os distúrbios alimentares, os vícios, os comportamentos de risco – delinquência, álcool, drogas, etc.
O seu livro inspirou um filme. O que sentiu quando o viu pela primeira vez?
É o filme de uma parte da nossa história, que já não nos pertence, mas permitiu que mais de 5 milhões de pessoas compreendessem o mecanismo dos abusos na escola, como devem agir, reagir. Especialmente todas as pessoas que não são leitoras.
Que outras iniciativas tem planeadas para o futuro, de forma a ajudar a mudar o modo como se combate o bullying?
A nossa associação [Marion Fraisse – La Main Tendue] abriu recentemente uma filial no Luxemburgo para tentar que as nossas ações tenham um impacto europeu. Vamos também desenvolver ateliers de autoestima.

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