segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Educação para a paz nas escolas de Porto Alegre

Ana Paula Araújo

Apesar dos múltiplos esforços voltados à proteção das crianças e adolescentes de nossa cidade, muitos deles ainda são circunstancialmente vítimas do trabalho infantil, de abusos sexuais, de negligência, de agressões e abandono. Essa triste realidade faz, muitas vezes, com que essas crianças e jovens não acreditem na possibilidade da construção de um mundo melhor. Essa desesperança faz com que muitos alunos de nossas escolas tenham pouca motivação para estudar. E, às vezes, também incentiva à repetição na escola comportamentos desrespeitosos e violentos, gerando tensão e insegurança nos pátios escolares. Já os educadores atualmente têm a desafiadora e valiosa missão de auxiliar no ensino-aprendizado da não violência em parceria com as famílias. Isso é necessário, pois, muitas vezes, as escolas públicas situadas nas periferias de nossas cidades são os únicos locais capazes de oportunizarem a ampliação de uma leitura crítica da realidade, e de estimular o desenvolvimento de habilidades sociais que auxiliem toda a comunidade escolar a considerar e conciliar os desejos e necessidades alheias através de negociações respeitosas e necessárias para a construção de um futuro mais justo e pacífico.

É nelas também que há a oportunidade de ter contato com modelos inspiradores de condutas diferenciadas, que podem impulsionar transformações desejáveis para a qualificação da convivência ética. Esse trabalho formalmente e/ou informalmente poderá ser planejado com o auxílio dos diferentes segmentos das comunidades escolares a curto, médio e longo prazos através de múltiplas ações que possam estimular, gradativamente, mudanças culturais. Só assim os educadores poderão contribuir de forma mais efetiva para viabilizar uma convivência mais justa e solidária. Então, é no Ensino Fundamental que está a principal esperança para que muitas crianças e jovens tenham experiências diferenciadas capazes de fazê-los refletirem sobre os meios e os fins necessários para cooperativamente contribuírem com a construção de um projeto de vida que almeje um futuro com mais paz e qualidade de vida, capazes de afastá-los, assim, da violência e da delinquência.

Professora municipal de ensino de Porto Alegre


Fonte: Jornal do Comércio 

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